DISSECANDO O AMOR - parte I

Perplexo. O amor é perplexo. Da colheita mais simples ao por do sol mais elaborado pelos olhos de quem o vê. Perplexo. Não pergunte-me o porquê, não cabe a mim responder. Pergunte ao próprio, ao caríssimo senhor já de barba branca e cheirando a mofo - arremedado de alfazema - que nos faz sentir o coração querendo sair pela garganta num desespero que só sentindo para crer... O amor, caríssimo alguém. Como se fosse possível prevê-lo. Como se nos chegasse uma carta, um aviso: prezado senhor(a), lamentamos informar que está por chegar uma grande imensa quase insuportável tempestade dentro daquilo que chamas de alma coração eu interior ou seja lá aonde se instala o monstro vestido de abrigo. Não que seja algo ruim de ser sentido... pelo contrário, é tão magicamente delicioso que o esperamos a vida toda e em cada pequena batida de coração sentida, o reconhecemos - como se realmente fosse ele tão tolo ao ponto de nos deixar perceber assim, tão breve, tão claramente. Acontece, mon ami, que no fundo, todo sentimento causa dor.