Você pousou quente
a sua
na minha mão
e - ah
não sei se é suspiro de amor
se é a dor da ilusão
não sei o que grita teu nome:
se sou eu ou meu coração.
A vida tem manias estranhas
de mascar chiclete
e jogar ao chão
te empaca, te gruda, te estanca
feito bola de sabão
quando recolhe o ar
feito um pulmão fugido
- mas ela não seria livre?
posto que é bolha
tudo pode, feito pensamento!
e já pensou
quanto lamento
tem naquele brilho
naquele modilho de vento
refletido pelo sol? -
e ainda não sei do moço que vi
a cor dos olhos, o quentume dos vãos
o sabor das passagens
nem o cheiro das mãos...
sei o que vi, sei que bateu
correu pelas veias
sorriu pelas teias
e naturalizou o asfalto
- onde um dia houvera grama verde -
que carregava com ressalto
no mais alto patamar e de nariz empinado.