Na falta de título, fica o aviso: tem cadeado.

Dentro d'um pote me puseram
com uma fita escrita o nome
e me sentia um parasita
pus-me a ler Drummond de Andrade
e pela grade do sorriso embolso
saíram vermes e porcarias
me senti então poeta nascido
quem sabe da terra suja
- e a limpa, como é? -
cessei de bater o pé:
me fui seguindo o que era.

Leminski me aliciou
mas polaco
eu sou Maria!
Alice é a que caiu
parou no Mar(i)avilhas.

De repente no gramado
do campo de futebol
algo parecia um sol
mas me engano por muito:
eram os quilos do Ronaldo
fenômeno do rescaldo

E novamente
apareceram as
g
o
t
...
acabou a água
que pingou foi esgoto

esgotou o pensamento
só sobrou pera e maçã
se a vida perasse
não tivesse pressa
a maça do bolo
não sujaria a compressa
pra febre da serelepe
que não para de febrar.

Me senti faltando ar
peguei carona num balão:
subi, subi e mudei de estrada
era a escada que faltava!
Mas acabei por não ter fim
enfiado em quinze palmos de terra
"vamos garantir,
poeta que é poeta tem mais vidas
que mil gatos"
ainda dá pra sentir os ratos
- que me acharam de que jeito? -
já nasci poeta eleito
sem fuga, sem punição!
Veio o padre com o sermão:
ainda tenho munição
pra mais uma rodada
e a viúva abarbarada
me trancava no caixão
e me vim querendo nada
só um gole da cachaça
que o padre guarda no porão.